As reais dimensões da Técnica e do Físico e a essência estratégico-tática do jogo... Por que treinar
- Renan Mendes
- 22 de mai. de 2015
- 13 min de leitura
No presente texto, vamos apresentar argumentos que, do nosso ponto de vista, apontam diversas falhas presentes no processo de treino dito Convencional, o qual trás consequências tanto para o desenvolvimento e preparação do jogador que é sujeito ao processo, quanto à construção e preparação de uma equipe competitiva.
Para iniciarmos, vamos fazer a transcrição de dois parágrafos que motivaram a realização do presente texto e que servirão de elementos norteadores para a nossa discussão. O primeiro parágrafo foi retirado do Trabalho de Conclusão de Curso do autor que vos escreve, feito em parceria com meu amigo Rafael Besen e com orientação do Profº Ms. Marcel Ramos.
“Tendo em vista a prática recorrente, percebe-se que a estrutura do treinamento em futebol tem baseado suas abordagens em exercícios direcionados para o treinamento da habilidade técnica através da reprodução de gestos fechados, mecanizados e fora do contexto de jogo. [...]. A capacidade física é treinada de forma cíclica, previsível, sem preocupação na aplicabilidade dessas na resolução dos problemas do jogo. Já para o desenvolvimento da organização tática da equipe, em muitos casos, essa é submetida a exercícios “ensaiados”, como se fosse possível pré-determinar os movimentos do adversário e as situações emergentes do jogo”.
Mendes, Besen & Ramos (2013, p. 5)
O segundo parágrafo, citado abaixo, foi retirado da Monografia apresentada por Julian B. Tobar, à UFRGS.
“Imaginemos uma situação de jogo, em que um jogador está por receber a bola e realizará um passe a outro companheiro: Ao receber a bola, o jogador avalia todas as opções de ação (tomada de decisão: passa a um companheiro? Conduz a bola para frente? Dribla o adversário?) e decide fazer o passe a um colega, que está bem colocado e receberá a bola com liberdade, e assim poderá dar progressão ao jogo. Ora, dentro deste passe está presente também a dimensão técnica (gesto motor), mas também o desgaste fisiológico implicado em tal gesto (e na sua ação subsequente), assim como a dimensão psicológica, dado que o referido jogador decidiu pelo passe em segurança tendo como pano de fundo um sentimento (desejo de garantir a eficácia e a eficiência). Todas estas ações quando estão se inter-relacionando, de maneira intencionalizada (intenção esta possibilitada pela vivência hierarquizada de um ‘jogar’ através do processo de treino), formam o que chamamos de dimensão tática”.
Tobar (2013, p. 59-60)
Antes de abordarmos sobre as dimensões técnica, física e tática do jogo de Futebol e enquadrada-las dentro de uma perspectiva que, do nosso ponto de vista e de acordo com os dados da literatura que serão apresentados, assume-se como a mais coerente com o processo de treino e jogo, faz-se necessário realizar uma caracterização do jogo de Futebol.
A essência do Jogo
De acordo com Garganta & Gréhaigne (1999) o Futebol é um desporto pertencente ao quadro dos jogos desportivos coletivos (JDC). Os jogos inseridos neste quadro são caracterizados, entre outros fatores, pela aciclicidade técnica, por solicitações e efeitos cumulativos morfológico-funcionais e motores e por uma intensa participação psíquica (Teodorescu, 1977, apud Garganta & Gréhaigne, 1999), configurados a partir de uma relação de cooperação e oposição (Garganta & Gréhaigne, 1999). Seguindo esta ideia, as situações que ocorrem no contexto dos JDC devem ser entendidas como unidades complexas de ação, decorrente não somente do número de variáveis em jogo, mas também da imprevisibilidade e aleatoriedade das situações que se colocam aos jogadores e às equipes (Pittera & Riva, 1982; Matveiev, 1986; Konzag, 1991; Riera, 1995; Reilly, 1996, apud Garganta, 1997). Portanto, em decorrência de um contexto fértil em acontecimentos cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser determinadas antecipadamente (Metzler, 1987, apud Garganta & Gréhaigne, 1999), o aspecto estratégico-tático assume uma importância fundamental (Gréhaigne, 1989; Deleplace, 1994; Mombaerts, 1996; Garganta, 1997, apud Garganta & Gréhaigne, 1999).
Portanto, as situações decorrentes do jogo de futebol são configuradas a partir de uma relação de cooperação entre jogadores de uma mesma equipe e de oposição a uma equipe adversária. Dentro deste contexto, as ações (que na verdade são interações) praticadas pelos jogadores assumem características de propriedade física, técnica, tática e psicológica, que ocorrem numa sequência de acontecimentos imprevisíveis e aleatórias. Por isso, o jogo possui uma natureza complexa, onde o fator estratégico-tático assume-se como o aspecto orientador e identificador de uma equipe, condicionando as (inter)ações dos jogadores no interior do sistema. Ou seja, a tática é aquilo que servirá de referência e sentido às interações das partes-jogadores no interior do sistema-equipe.
Tradicionalmente, sustenta-se que a performance nos JDC expressa-se a partir do desenvolvimento e especialização de quatro fatores ou macrodimensões: física, técnica, tática e psicológica (Garganta, 1997). Entretanto, durante o jogo, o primeiro problema colocado ao jogador é de natureza tática, isto é, o praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema subsequente, o como fazer, selecionando e utilizando a resposta motora adequada. Tal exige dos jogadores uma adequada capacidade de decisão, que decorre de uma ajustada leitura do jogo, para em seguida, poderem colocar em prática a ação através de recursos motores específicos, genericamente designados por técnica (Garganta, 2002).
Neste sentido, justifica-se a elevação da Tática como o elemento de referência do processo. Mas não uma tática qualquer, abstrata, trata-se de uma forma de jogar da equipe. Em outras palavras, a Tática dentro desta concepção, traduz-se numa Organização Coletiva de jogo, ou pode-se dizer também, num Modelo de Jogo.
Como refere Gomes (2008), o entendimento de Tática resulta do conceito de Organização e por isso, compreende uma determinada expressão física, técnica e psicológica. Neste contexto, a Tática subentende o desenvolvimento de princípios de ação da equipe, os quais induzem adaptações concretas a nível físico, técnico e psicológico por arraste e na respectiva singularidade (Gomes, 2008; Pivetti, 2012).
O treino (e ensino) da técnica
A técnica constitui um conjunto de ações motoras realizadas no sentido de solucionar os problemas que as diversas situações de jogo colocam ao jogador (Garganta, 1997).
Durante muito tempo e até os dias de hoje, é bastante comum observarmos o ensino-treino da técnica realizado “através da reprodução de gestos fechados, mecanizados e fora do contexto de jogo”. Para uma melhor compreensão desta colocação, utilizarei como exemplo um exercício comumente utilizado para o ensino-treino da habilidade técnica do passe:
Imaginemos dois praticantes posicionados um de frente para o outro, com uma distância de 5 metros entre eles e trocando passes entre si. Trata-se portanto, de uma situação que não reproduz a realidade que o jogador irá encontrar no jogo. Onde esta a oposição do adversário? Onde esta a essência imprevisível e aleatória das situAções do jogo? E ainda mais importante no caso do ensino de crianças e jovens, onde está a diversão e o desafio?
Neste exemplo, o jogador sabe onde, quando e como a bola chegará aos seus pés, também sabe previamente quando, onde, como e pra quem passar a bola, já sabe as condições espaço-temporais em que isso acontecerá e sabe que isso tudo se repetirá no ciclo seguinte. Não há adversários para constranger suas ações, não há desafio, e principalmente no caso do ensino de crianças, não é divertido.
De acordo com Garganta (2002): “A verdadeira dimensão da técnica repousa na sua utilidade para servir a inteligência e a capacidade de decisão tática dos jogadores e das equipas. Um bom executante é, antes de mais, aquele que é capaz de selecionar as técnicas mais adequadas para responder às sucessivas configurações do jogo. Por isso, o ensino da técnica no Futebol, não deve restringir-se aos aspectos biomecânicos, mas atender sobretudo às imposições da sua adaptação inteligente às situações de jogo. Nesta perspectiva, afigura-se mais importante saber gerir regras de funcionamento, ou princípios de acção, do que utilizar técnicas estereotipadas ou esquemas táticos rígidos e pré-determinados (Garganta, 2001)”.
A constatação do parágrafo acima me faz levantar e refletir sobre a seguinte questão: Se joga-se ao competir, não deveríamos jogar também ao treinar? Neste ponto, esbarramos na necessidade de explicar o Princípio da Especificidade.
Este princípio preconiza que sejam treinados aspectos que se prendem diretamente com o jogo, no sentido de viabilizar a maior transferência possível das aquisições operadas no treino para o contexto competitivo, isto sugere uma relação de interdependência e reciprocidade entre o treino e o jogo (Garganta; Gréhaigne, 1999).
Sendo assim, não seria mais interessante que, ao invés de treinarmos habilidades técnicas através de gestos estereotipados e mecânicos, fazermos através do uso de exercícios jogados e adaptados conforme a faixa etária e nível de prestação dos praticantes? Não estaríamos desta forma contribuindo para o desenvolvimento do praticante para o bom desempenho em jogo, ao invés de formar excelentes repetidores de gestos mecanizados?
É no contexto de jogo que a técnica revela sua real expressão, quando está a serviço das situações de cooperação e confronto, quando sujeita aos constrangimentos impostos pela imprevisibilidade e aleatoriedade das situações emergentes.
E ainda, referente ao ensino de crianças e jovens iniciantes no futebol, um dos principais objetivos deste processo é fazer com que a criança goste do esporte e sinta prazer em fazê-lo, a final de contas, ninguém gosta de fazer aquilo que gera desprazer. E não a nada mais prazeroso no jogo do que jogá-lo!
Destarte, é importante destacar também o aspecto estratégico-tático como sendo a referência comportamental durante o jogo. Este conceito esta diretamente relacionada com a importância atribuída a técnica quando a serviço dos princípios de ação, conforme refere Garganta (2002). Esta ideia será abordada com mais profundidade mais a frente, quando falarmos sobre a dimensão tática.
A preparação física
É consenso na literatura que a Periodização dita Convencional tem balizado seu processo de treino na preparação física dos jogadores. É comum observarmos a realização do chamado “exercício intervalado” para o desenvolvimento da capacidade aeróbica. Assim como a realização de exercícios com diversos saltos, deslocamentos, travagens e acelerações, entre cones e estacas, com uma alta intensidade de execução, com o objetivo de desenvolver a chamada potência anaeróbia. Sem falar nos treinos com aparelhos de musculação.
Para dar início a nossa reflexão, citarei uma frase do Professor Manuel Sérgio: “O pianista não se prepara, saltando e correndo, mas tocando piano”. Cabe aqui citar novamente o Princípio da Especificidade, assim como a questão colocada anteriormente: Se joga-se ao competir, não deveríamos jogar também ao treinar?
Num jogo de futebol, nem sempre é suficiente o jogador correr mais rápido ou saltar mais alto. As ações do jogador em uma partida devem ir de encontro aos problemas levantados pelo jogo, os quais ele deve dar resposta... Porque correr? Para onde correr? Quando correr? Qual espaço ocupar? Será que o mais rápido é aquele que se desloca de um ponto a outro do campo? Ou será aquele que chega antes porque sabe onde e quando se posicionar, antecipando-se à situação? Sendo assim, mais importante do que a velocidade de deslocamento, não seria a velocidade de tratamento da informação? A velocidade de decisão e execução?
Por isso, nem sempre o melhor jogador é o mais forte, o mais rápido ou o mais alto, mas aquele com a melhor capacidade para resolver os problemas do jogo. Podemos encontrar diversos exemplos de jogadores assim nos melhores times de futebol em todo mundo.
Vou transcrever agora as palavras do treinador José Mourinho, quando ainda estava em sua primeira passagem pelo Chelsea, da Inglaterra. São colocações que irão nos ajudar a pensar sobre estas questões:
“Qual é o homem mais rápido do mundo? Vamos supor que é o Francis Obikwelu [velocista nigeriano com naturalização portuguesa], que faz menos de 10 segundos em 100 metros. É muito rápido e não conheço nenhum jogador de futebol que consiga igualá-lo em uma corrida de 100 metros. No entanto, numa partida de futebol, 11 contra 11, julgo que o Obikwelu seria o mais lento! Dou ainda outro exemplo: um caso paradigmático de uma jogador atual lento é Deco. Se o colocássemos numa corrida de 100 metros com os homens do atletismo ele faria uma figura ridícula. É descoordenado quando corre, não tem velocidade terminal, seus músculos certamente estão carregados de fibras de contração lenta e nada de fibras de contração rápida. No entanto, num campo de futebol, é um jogador dos mais rápidos que conheço porque velocidade pura não tem a ver com a velocidade no futebol. A velocidade no futebol tem a ver com análise da situação, de reação ao estímulo e capacidade de identificá-lo. No futebol, o que é o estímulo? É a posição no campo, a posição da bola, é o que o adversário vai fazer, é a capacidade de antecipar a ação, é a percepção daquilo que o adversário vai fazer, é a capacidade de perceber que espaço o adversário vai ocupar para receber a bola sozinho etc. Daí que, por exemplo, se um jogador meu estiver marcando o Obikwelu, que tem, comparado com os jogadores de futebol, um arranque de grande explosão, isso obrigará o meu jogador a arrancar sempre mais tarde. Contudo, porque o futebol não é a sua área de desempenho, Obikwelu vai, com grande probabilidade, deslocar-se para onde não deve, logo, o meu jogador vai conseguir estar ao lado dele no momento em que ele tem condições para receber a bola. Nesta forma de analisar a velocidade, um jogador lento do ponto de vista tradicional é, afinal, um jogador rápido numa perspectiva complexa, porque se vai deslocar numa altura em que os outros não esperam, num momento correto, num momento em que o companheiro com bola precisa que ele se desloque. Desta forma, tudo isto é complexidade, e o homem é um todo complexo no seu contexto. Por isso, trabalhar qualidades individualizadas e/ou descontextualizadas da complexidade do jogo é, para mim, um erro grande” (José Mourinho, in: Lourenço, 2010, p. 45-46).
Em relação ao treinamento feito com o uso de aparelhos de musculação, transcrevo agora uma frase de Jorge Maciel (2011) citado por Tobar (2013, p. 105):
“A musculação procura retratar uma realidade irreal, é um contexto postiço, desde logo porque não permite estar em relação com a bola e o contexto de jogo, por isso terá necessariamente perdas. A propriocepção é algo concreto, contextual e os estímulos que emanam do contexto de jogo não são passíveis de serem reproduzidas numa sala de musculação. A propriocepção tem a ver com a configuração acontecimental das circunstâncias, com o modo como eu as identifico e interajo com estas, com o modo como me ajusto e nalguns casos reajusto para poder agir ou antecipar em conformidade com o que aquela solicitação exige. Eu entendo o Corpo como uma realidade inteligente, que como tal carece de ser aculturada. Trata-se inegavelmente de uma realidade plástica, sobre a qual o treino pode atuar. Mas que treino?! Para mim a plasticidade tem de rimar com seletividade e consequentemente com Especificidade. Nós tornamo-nos seletivos pelo que fazemos, assim como a adaptabilidade que imana do que fazemos tem a ver com essa seletividade. Se o meu processo de adaptabilidade atua sobre a plasticidade num determinado sentido, ou de uma determinada forma, é essa a modelação que vou conferir ao Corpo. Portanto se é em função de uma jogar, que eu aspiro que a adaptabilidade se instale nos Corpos que compõem a minha equipa, a seletividade do processo tem que ir nesse sentido, e só assim é norteado pela Especificidade, pela vivenciação continuada de um jogar respeitando os Princípios Metodológicos”.
De acordo com esta perspectiva, é no contexto de jogo que as capacidades físicas têm sua real importância, e assim como a técnica, quando estão a serviço dos princípios de ação referentes a um “jogar”. Neste momento, surge novamente a necessidade da ideia da referência estratégico-tática no processo de treino, como sendo aquilo que proporcionará uma identidade a equipe.
A referência estratégico-tática... Por que treinar Princípios?
No futebol, assim como em todos os JDC, as ações do jogo caracterizam-se pela necessidade de um comportamento tático (Filgueira & Greco, 2008). Entretanto, é importante aqui fazermos uma definição do que é a tática, a fim de contextualizá-la em nossa linha de raciocínio.
De acordo com Frade (in: Tobar, 2013), a dimensão tática é aquilo que nos identifica como equipe, é a emergência proveniente da interação das outras dimensões (física, técnica, psicológica, estratégica), mas é acima de tudo uma emergência intencionalizada, isto é, há uma intenção prévia de tomar determinada decisão. “Eu pretendo que a minha equipa venha a jogar assim, portanto a dimensão tática para mim é isso”.
Portanto, a Tática é nada mais do que uma forma de jogar da equipe, que se manifesta basicamente a partir da interação das demais dimensões do jogo e da interação entre os jogadores, trata-se, como refere Maciel (2011) de uma organização “dinâmica e complexa que se manifesta como interdependência organizacional intencionalizada”.
Por se tratar de uma organização, o bom funcionamento da equipe está sujeito a elaboração de algumas regras comportamentais que sustentarão a funcionalidade desta organização sistêmica, ou seja, deve haver um conjunto de Princípios de Ação, ou no caso específico do jogo de futebol, trata-se de Princípios de Jogo. De acordo com Gomes (2008, p. 29), “os princípios de jogo são as referências (intencionais) do treinador para resolver os problemas do jogo e por isso, expressam-se no comportamento dos jogadores”.
Para entendermos melhor este conceito, utilizarei do exemplo dado por Gomes (2008, p. 29): “tomemos como exemplo a forma como as equipas fazem progredir a bola no terreno, uma vez que se trata de um problema inerente à dinâmica do jogo. Perante a necessidade da equipa fazer a bola chegar à baliza adversária, um treinador aposta numa progressão através de passes longos orientados para os corredores laterais do meio campo adversário, onde se posicionam os extremos. Enquanto isto, outro treinador pretende que a bola progrida a partir da defesa com passes curtos para a linha de meio campo e assim, chegar à zona mais avançada do terreno. Em consequência destas intenções, na primeira equipa as referências são os passes longos para as laterais e na segunda os passes curtos entre a defesa e o meio campo levando por isso, a uma dinâmica de jogo diferente. Deste modo, os treinadores promovem uma forma diferente de resolver este problema e por isso, os princípios de acção (de jogo) são distintos”.
Sendo assim, o jogar de uma equipe é composto por princípios (que podem subdividirem-se em sub-princípios, sub-sub-princípios e até sub-sub-sub-princípios) de jogo que sustentam a organização da equipe, identificando-a como tal, manifestando assim uma identidade comportamental.
Seguindo esta perspectiva, não seria mais interessante treinarmos princípios que darão organização a nossa equipe, do que treinar as dimensões do jogo separadamente? Não estaríamos desta forma, contribuindo para o desenvolvimento de todas as capacidades e potencialidades do jogador para uma manifestação fluída destes princípios? Ou seja, não seria melhor se, ao invés de buscar a melhora da força com aparelhos de musculação, da resistência aeróbia dando voltas ao redor do campo, da potência e da velocidade com exercícios descontextualizados, procurarmos desenvolver todas estas capacidades metabólicas e energético-fisiológicas em contexto de jogo e em função de uma manifestação fluída do jogar da equipe?
Eu não estou aqui impondo verdades absolutas... Estou aqui para levantar algumas questões que possam ajudar não só o leitor, mas também aquele que vos escreve, na reflexão sobre os assuntos referentes ao treino e ao jogo.
Eu tenho minhas ideias, mas procuro sempre alimentá-las e mantê-las abertas a reflexões!
E você, quais são suas ideias? Quais são suas questões?
Um abraço e até a próxima!
REFERÊNCIAS
Filgueira, F. M., Greco, P. J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no processo de ensino-aprendizagem-treinamento. (2008). Revista Brasileira de Futebol, 1(2), 53-65.
Garganta, J. Modelação táctica do jogo de futebol. (1997). Porto: Universidade do Porto.
Garganta, J., Gréhaigne, J. F. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou necessidade?. (1999). Movimento, 5 (10), 40-50.
Garganta, J. Competências no ensino e treino de jovens futebolistas. (2002). EFDeportes – Revista Digital, 8 (45). Recuperado de: http://www.efdeportes.com/efd45/ensino.htm
Gomes, M. S. (2008). O desenvolvimento do jogar segundo a Periodização Tática. Espanha: MCsports.
Lourenço, L. (2010). Mourinho: a descoberta guiada. São Paulo: Almedina.
Maciel, J. Entrevista in: Esteves, L. (2011). Metodologia, treino e ideias sobre o futebol. Recuperado em 16 de dezembro de 2014 de: http://organizacaodejogo.blogspot.com.br/2011/09/conversas-de-futebol-jorge-maciel.html
Mendes, R., Besen, R., Ramos, M. H. K. P. (2013). Abordagens metodológicas de treinamento para o desenvolvimento da inteligência de jogo do jogador de futebol. Blumenau: Faculdade Metropolitana de Blumenau.
Pivetti, B. (2012). Periodização Tática: o futebol-arte alicerçado em critérios. São Paulo: Phorte Editora.
Tobar, J. B. Periodização Tática: explorando sua organização concepto-metodológica. (2013). Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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